Para quem vai fazer turismo em Lisboa, o museu interativo Lisboa Story Centre é um bom ponto de partida para descobrir a história e encantos da bela capital de Portugal. Recursos tecnológicos proporcionam ao turista uma experiência sensorial pelo Centro Histórico da cidade ao longo do tempo, tendo como palco principal o Terreiro do Paço, local conhecido hoje como Praça do Comércio (foto destacada acima).

Essa dica é especialmente interessante para os apreciadores de turismo histórico e cultural, mas creio que vale para todos. Afinal, quando conhecemos um pouquinho que seja da história de uma cidade ou um país nossa viagem costuma ficar bem mais interessante. Passamos a ver tudo com outros olhos, a compreender e apreciar mais.
Foi o que aconteceu comigo em minha primeira viagem a turismo em Lisboa, ao sair do Lisboa Story Centre (LSC). Durante a visita, aprendi que os principais fatos históricos de Lisboa e do país aconteceram no Centro Histórico da cidade, desde a chegada dos primeiros exploradores, passando pelo terremoto de 1755 e a queda do império, até a derrubada do regime ditatorial salazarista.
Terremoto de 1755: da tragédia à modernidade

Foi muito marcante conhecer as dimensões e mudanças provocadas a partir do terremoto, seguido de uma onda gigante e incêndios, que atingiram Lisboa no dia 1 de Novembro de 1755, Dia de Todos os Santos. Inclusive porque o período da minha viagem a Lisboa incluiu este dia de 2017, data em que todos os anos são realizadas várias atividades que relembram a tragédia.
As experiências no LSC, que incluem a apresentação de um filme com efeitos tridimensionais e a passagem por montagens cenográficas, nos dão a impressão de estar na cidade naquele dia.

O sismo, estimado em 9º, foi considerado o maior já registrado na Europa. De imediato, as consequências foram desastrosas: 10 a 12 mil mortos do total de 250 mil habitantes da cidade e a redução de 40% a 60% do PIB (Produto Interno Bruto). Por outro lado, as mudanças decorrentes da catástrofe natural foram fundamentais para a inovação e modernização do sistema urbanístico, impondo regras de construção que garantissem maior resistência a abalos sísmicos.
Turismo histórico: Lisboa Pombalina e descobertas

A base desse sistema anti-sísmico é a “gaiola”, como ficou conhecida a estrutura criada por Carlos Mardel, composta por traves de madeira cruzadas, sobre a qual se erguem as paredes. Essa área reconstruída na cidade ficou conhecida como Baixa Pombalina. Isso porque o Marquês de Pombal, primeiro ministro do Rei Dom José I, foi o principal articulador do Plano, ao lado de Mardel, Manuel da Maia e Eugénio dos Santos.

Ao visitar os ambientes de recriação da sala de trabalho dessa equipe à época, no LSC, a gente “viaja no tempo”, vendo a movimentação dos personagens enquanto elaboram os planos de reconstrução da cidade. Pombal é um velho conhecido dos brasileiros, já que foi o responsável por várias medidas impopulares para ampliar os lucros da Coroa portuguesa com a exploração da então Colônia, no século XVIII.

No LSC, é mencionada a ajuda humanitária do Brasil e vizinhos europeus para a reconstrução de Lisboa após o terremoto. O período de exploração das colônias, em especial o Brasil na América e países africanos, é representado por caravelas e um rico armazém aonde o “viajante” sente os cheiros dos produtos depositados em Lisboa à época.
Outra consequência importantíssima do terremoto foi a descoberta dos primeiros sítios arqueológicos, que permitiram comprovar e estudar períodos de ocupação da cidade anteriores à islâmica.
Viajantes por natureza: a diversidade portuguesa

Também foi muito interessante para mim, uma brasileira fazendo turismo em Lisboa, saber da grande diversidade de povos que contribuíram para a formação dos lisboetas e do povo português em geral. Lembrando que os portugueses são um povo que, junto com indígenas, africanos e, posteriormente, outros europeus, compõem a base de formação do povo brasileiro.
Diz a lenda que Ulisses, o herói grego da Odisséia, de Homero, teria sido um dos fundadores de Lisboa.. O que pode-se dizer ao certo é das ocupações do território por romanos, germânicos (suevos e visigodos) e muçulmanos, mas também da ocupação indígena e influência fenícia antes dos romanos, segundo objetos encontrados em escavações.

De acordo com os registros, o período de ocupação islâmica em Lisboa (desde 711) foi muito próspero e, embora a maioria dos monumentos tenham sido destruídos pelos monarcas, essa cultura teve forte influência na formação do povo português, a exemplo da culinária e da língua. A dominação islâmica acabou em 1147, quando Dom Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal, expulsou os mouros (com ajuda das Cruzadas Cristãs) e anexou a cidade ao recém-criado reino.
No Lisboa Story Centre, as ocupações são contadas por meio de animações expostas em painéis interativos, que apresentam o conteúdo conforme o visitante se aproxima, com o auxílio de audioguia multilíngue.
Olisipo, Al Usbuna e Lisboa

Na época da ocupação romana (138 a.C ao século V), o nome dado à cidade era “Felicitas Julia Olisipo” (ou só Olisipo), em homenagem ao então imperador Júlio César. Muitas construções dessa época vieram à tona com o terremoto, mas só foram devidamente investigadas e abertas ao público muito tempo depois. Entre essas construções, creio que o grande destaque sejam as ruínas do teatro romano, que foram adaptadas e abrigadas pelo Museu de Lisboa Teatro Romano, aberto à visitação.

Já durante a ocupação muçulmana, a cidade era chamada “Al Usbuna”. O Castelo de São Jorge (nome dado a partir do reinado português), do qual não sobrou muita coisa, é um marco importante da ocupação muçulmana na cidade, mas também serviu à corte portuguesa até o século XVI. Foi construído pelos mouros no final do século XI para reduto das elites em caso de ataques. Escavações no local colocaram à vista algumas residências desse período.
Por isso, a localização estratégica dessa fortificação, no alto da colina, de onde também se tem uma das mais belas vistas de Lisboa. A construção inicial foi alterada ao longo do tempo e quase destruída pelo terremoto, mas foi parcialmente reconstituída no século passado, quando obteve o título de Monumento Nacional. Com certeza, um dos principais locais a visitar para conhecer a história antiga da cidade, entre outros, listados ao final do texto.
Terreiro do Paço testemunhou queda da monarquia e da ditadura

O Terreiro do Paço, hoje conhecido como Praça do Comércio, é, sem dúvida, o principal cartão postal de Lisboa. Além de lindo e cheio de atrativos, guarda muita história! Durante minha viagem a Lisboa estive lá várias vezes e em cada uma delas vi coisas diferentes. Bem no centro da Praça está o monumento em homenagem a Dom José I, que era o rei de Portugal durante a reconstrução após o terremoto. Na imponente estátua, de autoria de Machado de Castro, o monarca está sobre seu cavalo Gentil.

Quando for à Praça do Comércio, não deixe de subir até o mirante do Arco Triunfal da Rua Augusta, de onde se tem a melhor vista do Paço e do Rio Tejo, mas só depois de ir ao Lisboa Story Centre, que também fica na Praça. Uma das coisas mais bacanas do LSC é como demonstra essa importância histórica do Terreiro do Paço. Entre os fatos mais marcantes estão os assassinatos do Rei Dom Carlos e de seu herdeiro, Dom Luís Felipe, no dia 1 de Fevereiro de 1908.

A família real desembarcou e seguiu em carro aberto, quando atiradores se aproximaram e dispararam contra eles. Dois anos depois, o povo tomou a Praça, liderado pelo Movimento Republicano, para exigir a proclamação da República, mas não durou muito. Em 28 de Maio de 1926, um golpe militar impõe à força o Estado Novo, que vigorou por longos 48 anos.

Até que, na madrugada de 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas ocupou ruas e praças do Centro Histórico, inclusive a Pç. do Comércio, com seus soldados e tanques para derrubar a ditadura de Salazar e Caetano. Um ano depois, o movimento, que ficou conhecido como “Revolução dos Cravos”, promoveu eleições diretas, restituindo a Democracia nas terras lusitanas. A tática militar dos revolucionários é exposta por meio de uma bela animação no LSC! A seguir, confira!
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Sobre o Lisboa Story Centre
ONDE FICA: Terreiro do Paço, 78/ 81, Centro de Lisboa (PT).
QUANDO IR: Aberto todos os dias, das 10h às 20h (última entrada às 19h). Duração de aproximadamente uma hora.
QUANTO CUSTA: Adulto- 7 Euros. Sênior (≥65 anos) e Estudante (≥16 anos)- 5 Euros. Criança (6 aos 15 anos)- 3 Euros. Criança (≤ 5 anos)- gratuito. Obs.: audioguia já incluído no valor do bilhete.
MAIS INFORMAÇÕES: (+351) 211.941.027 ou [email protected] Consulte mais detalhes no site do LSC.
Outros locais no Centro Histórico para fazer turismo em Lisboa
Museu de Lisboa Teatro Romano
ONDE: Rua de São Mamede, nº 3 A, 1100-532, Lisboa. QUANDO: terça a domingo, das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fechado em 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. QUANTO CUSTA: 3 Euros (pessoas com mais de 65 anos e desempregados pagam meia). COMO CHEGAR: As estações de Metrô mais próximas são Terreiro do Paço ou Baixa-Chiado; Linhas de ônibus/ autocarro (714, 732, 736, 737, 760), de Elétrico (12 e 28). CONTATOS: (+351) 215 818 530, [email protected].
Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros- NARC
Neste local, pode-se observar estruturas sobrepostas de períodos históricos, desde o Púnico (influência dos fenícios) ao Medieval e o Pombalino, além de objetos de várias épocas.
ONDE: Rua dos Correeiros, nº 21 (entrada NARC) ou nº 9 (recepção). 1100-061 Lisboa (Baixa de Lisboa). QUANDO: quintas-feiras, às 15h e 16h; aos sábados, às 10h, 13h, 15h e 17h. COMO CHEGAR: Autocarros 702, 709, 711, 732, 759; Elétricos 15, 28; Metrô: Linha Azul e Linha Verde: Baixa-Chiado. CONTATOS: (+351) 211.131.004. [email protected].
Castelo de São Jorge
ONDE: Rua de Santa Cruz, 1100-129, Lisboa. QUANDO: Aberto à visitação todos os dias da semana (exceto em 1º de Janeiro, 1º de Maio e 25 de Dezembro), das 9h às 18h entre Novembro e Fevereiro e das 9h às 21h de Março a Outubro. Última entrada meia hora antes do fechamento. QUANTO CUSTA: 8,50 Euros, mas há descontos para estudantes com menos de 25 anos, pessoas com mais de 65 anos, pessoas com deficiência e grupos familiares. COMO CHEGAR: A estação de Metrô mais próxima é a Rossio (linha verde), de onde pode pegar o 12E (bonde/ elétrico) ou ir a pé, mas a subida é considerável. Acesso direto também com o 28E e o ônibus/ autocarro linha 37.
Arco Triunfal da Rua Augusta
ONDE: Rua Augusta, nº 2, na região da Baixa Pombalina, em Lisboa. QUANDO: Aberto à visitação todos os dias da semana, das 9h às 19h45 (última entrada). QUANTO: 3 Euros por pessoa (crianças até 5 anos não pagam). COMO CHEGAR: A estação de Metrô mais próxima é a Baixa-Chiado (atendida pelas linhas Azul e Verde), mas de toda a Lisboa há transporte coletivo para a Praça do Comércio, que fica bem em frente ao Arco.
Catedral da Sé de Lisboa
Igreja católica, construída a partir de 1147 sobre uma mesquita muçulmana. Escavações arqueológicas comprovaram que antes da mesquita ainda havia no local um templo cristão visigótico.
ONDE: Largo da Sé, 1100-585, Lisboa. QUANDO: 2ª feira a Sábado, das 9h às 19h. Domingo: das 9h às 20h. CONTATO: (+351) 218.866.752.
- Outros locais históricos de Portugal, que também oferecem lindas vistas, podem ser conferidos no post Top 11: as mais lindas paisagens que vi em Portugal.
Obs.: Com informações disponíveis nos sites da Câmara Municipal de Lisboa, do Turismo de Lisboa, do Turismo de Portugal e de administradores de locais turísticos mencionados, em 30 de Outubro de 2018.